Dor crônica
- A dor é um fenômeno multifatorial que envolve aspectos físicos, emocionais, ambientais e socioculturais.
- Pode ser considerada dor crônica aquela que tem maior que 3 meses, ou que excede a deficiência ou o tempo usual da dor esperada (pelo tipo de lesão e tempo de cura), não tem razão biológica identificável em exames e está mais associada com aspectos psicológicos.
- As causas da dor crônica são complexas.
- O sistema nervoso central (cérebro e medula) e o periférico (nervos) têm papeis na determinação do aumento e da diminuição do estímulo doloroso.
- Existem diversas causas de dor crônica, algumas com maior componente periférico como a osteoartrose, artrite e o refluxo gastroesofágico e outras com maior componente central, como a fibromialgia, as dores de cabeça e a síndrome do intestino irritável.
- Quanto menos evidências de lesão tecidual, maior é a evidência que o sistema nervoso central está aumentando o processamento da dor.
- A dor crônica é frequentemente pouco diagnosticada e pouco tratada. Está mais relacionada a fatores psicológicos que a dor aguda.
- As síndromes de dor crônica são muito comuns e aumentam de frequência com a idade. 29 a 85% dos idosos podem sofrer de dor crônica. As mulheres são mais acometidas que os homens.
- A dor crônica está relacionada com depressão, sono de má qualidade e não restaurador, uso excessivo de medicamentos, álcool e outras substâncias, além do comportamento dependente, problemas de relacionamento, problemas conjugais e familiares, e perda do emprego.
- A relação entre dor crônica e transtornos mentais é estreita. Todos os tipos de dor crônica estão relacionados a transtornos mentais. Por exemplo, 60% dos indivíduos que vão a um clínico geral com queixa de dor têm depressão e teriam sido diagnosticados com este transtorno mental se fossem avaliados para o diagnóstico de depressão.
- A dor crônica aumenta o risco de ansiedade e depressão. Pacientes com depressão, transtornos de somatização (sintomas físicos sem evidência de lesão em exames), transtorno hipocondríaco (medo e preocupação excessivas por ter alguma doença), transtornos de conversão (alterações neurológicas sem evidências de lesão neurológica em exames) têm maior chance de ter dor crônica.
- Haja vista o papel do cérebro e da medula na dor crônica, a expertise do psiquiatra pode ser de grande auxílio neste problema.
- Ele está está capacitado a avaliar e tratar a dor em conjunto com os transtornos mentais associados a ela.
- Ele está apto a reconhecer a importância de não tratar apenas os sintomas médicos, mas também em manejar as dimensões comportamentais, psicológicas e sociais da dor crônica.
- O diagnóstico e tratamento de transtornos psiquiátricos que coexistam com a dor crônica permite que ela seja controlada de maneira mais efetiva.
- O tratamento farmacológico da dor crônica é realizado com medicações e que modulam o sistema nervoso central, como antidepressivos e anticonvulsivantes. Estas medicações são de uso cotidiano pelo psiquiatra.